sexta-feira, 2 de novembro de 2018

L'avventura


" Eu sei porque você fugiu, mas não consigo entender "

Feriado de finados, de 2012. 

Acordo bem cedo, pra ir até a rodoviária buscá-la. Seria o começo do fim de uma curta história com a última garota com quem me encontrei e me envolvi emocionalmente. 

Fiquei repensando, hoje, em 2018, e surgiram várias idéias pra escrever, até que resolvi colocar em prática. A verdade é que eu voltei a conversar com a Hellen há alguns meses. Seis anos se passaram e parece que nossa essência não mudou muito.

Foi de extrema importância presenciar ela se mostrando arrependida da forma que nos separamos. Eu sempre tive dúvidas sobre as verdadeiras razões que fizeram ela se afastar de mim. Esclarecer esses pontos tirou um pequeno peso na minha história. Tenho essa mania de adorar colocar os pontos nos " is " . Está sendo fantástico ver como ela conseguiu amadurecer alguns pensamentos, hoje, com 27 anos.

Fiz um café com raspas de laranja, neste momento, pra me ajudar na inspiração a escrever. 

Ela me perguntou o por quê de eu não tê-la esquecido. Sinceramente, a passagem dela pela minha vida fez eu repensar a visão sobre vitórias e derrotas pessoais, no quesito ego. Mudar o ponto de vista, de alguma forma.

Pode parecer muito louco, mas existem duas formas de lidar com a situação...

A primeira é : Eu consegui conquistá-la a ponto de ela vir ao Rio, mas não fui capaz de fazer com que durasse o suficiente pra saciar os desejos que eu tinha com ela.

A segunda é : Eu conheci uma garota praticamente inacessível, do interior de SP, que eu achava que nunca se interessaria por mim. Ela sabia que eu era bissexual e mesmo assim, não se incomodou. Mentiu pra família, pra me encontrar. E permitiu que eu fosse um porto seguro, em momentos difíceis, mesmo de longe. Eu consegui ter ela por perto e dividir a mesma cama.

São dois ângulos, que oscilam bastante. Confesso que o primeiro perdurou nos primeiros meses, até que eu aceitasse a situação.  Hoje, eu já lido super bem com isso e está sendo ótimo conversar com ela, sem mágoas do passado. Estamos nos divertindo nas poucas vezes que nos falamos. 

Essas lembranças me fazem lembrar do livro  " O poder do agora ".  Alguns momentos em nossa vida são de uma intensidade tão grande, que faz com que nossa mente desligue e foque 100% no momento atual. Isso pode acontecer num momento com perigo de vida ou mesmo numa paixão.

Não esqueço da sensação de estar imóvel perante a uma experiência nova de atração física. Eu me senti com dez anos de idade, sem saber o que fazer ou como me comportar. Fiquei vermelho e tímido, quando a vi. Não fazia a mínima idéia do que poderia fazer pra agradá-la ou pra que ficasse no Rio, de alguma forma.

Eu tive outras duas namoradas, antes dela. Ambas são mães, atualmente. Sempre tive medo que a Hellen seguisse esse " caminho ", que a sociedade prega como natural. Na meu mundo, isso faria com que ela ficasse " presa " pra sempre. Seria o fim de qualquer esperança de continuar uma história, mesmo que por um dia. Sim, é por aí... aprendi com Schopenhauer que a paixão não se alimenta de fatos ou de atitudes, mas sim de um resquicio de esperança, de que um dia ela possa se consumar. Como é bom entender essas teorias na prática !

Na prática, a história é bem diferente. Perseguimos muito nossos sonhos, mas quando um dia conseguimos, o tédio toma conta de tudo. É difícil fazer com que o interesse seja mantido numa relação estável, principalmente morando junto. Eu brinco com ela, rindo, dizendo que sou uma pessoa muito difícil de lidar. Ela às vezes discorda e diz que é mais complicada ainda.

Um resumo da sensação que ela me traz é de um filme que prometia muito e que ficou só no trailer, sendo cancelado, por falta de recursos. Ou aquela série excelente, que teve apenas uma temporada e encerrou no auge, sem que houvesse nenhuma crítica.

Eu sempre vou amar essa menina. Não me peçam pra explicar o por quê. Afinal, se eu soubesse, não seria de verdade.

-------------------------------------

Hellen, eu sei que você está lendo essa postagem e será nossa " cola " quando um dia nossa memória falhar...

Nesses seis anos, os seis momentos que não esqueci :


  1. Ver você com aquela camisa quadriculada, que eu pedi pra você usar, porque cai muito bem em você ;
  2. Assistir Vampire Diaries com você, depois de muito conversar sobre a série que acompanhávamos juntos ;
  3. Dormir com você numa cama de solteiro, sem reclamar e acordar revigorado ;
  4. Olhar profundamente nos seus olhos, pra tentar decifrar você ;
  5. Comer chocolate contigo, dando gargalhada da cara um do outro ;
  6. Andar de mãos dadas na orla de Ipanema, com os caras de olhando e eu querendo atacar eles ;