sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Sonhando acordado


Esperei alguns meses pra escrever sobre isso. Pensei muito sobre a relevância do acontecimento, a ponto de " eternizá-lo " escrevendo sobre ele. 

Aceitar a morte e a finitude das coisas é talvez o maior assunto pra lidarmos, nesta vida. Estou caminhando pra aprender sobre isso, porém não é um tema que eu possa me orgulhar de dominar. Certas perdas eu não consegui assimilar e sou um tanto otimista, ao tentar contornar e sair por cima nas situações que parecem fadadas ao fim.

Meu último relacionamento longo, foi o mais intenso da minha vida. Digo isso, porque eu me desarmei. Minha consciência não via nenhum perigo nele, muito menos de que a relação acabasse um dia. Eu ouvia uma voz diária de " eu consegui, relaxe ".

Ao me desarmar, eu pude ter momentos de extrema leveza e sentir o coração sendo invadido por sentimentos talvez maiores que eu. Eu transbordei, simplesmente.

Quando as bombas começaram a explodir, eu as recebi de peito aberto. Entrei num estado de dor e negação, por não entender, muito menos aceitar o que estava acontecendo. Depois de algum tempo vegetando e enxergando que o relacionamento não tinha conserto, naquela altura, resolvi me separar.

Fiquei exatamente dois anos, sem me envolver num relacionamento sério. Sim, neste dia 15 de novembro de 2018 fará dois anos que ele saiu dessa casa. Tive uma relação rápida, depois disso, talvez numa tentativa desesperada de anestesiar essa perda. Mas o efeito não durou nem dois meses. Eu estava destinado a lidar e digerir o que aconteceu !

E nesse tempo, desacreditado nas relações, eu continuei acompanhando o Guilherme. Mesmo de longe, tentava ver o avanço dele, como pessoa e protegê-lo, de alguma forma. Consegui, num auge de lucidez emocional, vê-lo entrar em outro relacionamento e ficar feliz por ele. 

Com o tempo passando, fui assimilando tudo que aconteceu e curando minhas feridas. Às vezes um ou outro tinha uma recaída de sentir saudade ou querendo transar. Mas ambos sabiam que poderia ser o recomeço de uma relação que se tornou tóxica.

Até que chegou um dia em que ambos pareciam desarmados. Marcamos de nos encontrar. Um parque, onde nos encontramos várias vezes, quando namorávamos. Quando o vi, parecia uma explosão de sentimentos, como um primeiro encontro. Eu estava há quase dois anos sem vê-lo. Tivemos um abraço hiper demorado e uma explosão de alegria. 

Eu senti um frenesi que deve ser parecido com o que os usuários de drogas tanto procuram. Fiquei completamente retardado e entregue ao momento. A mesma sensação de ver alguém ressuscitar, bem na sua frente. Foi exatamente assim, como me senti. Parecia um sonho. Uma fuga inacreditável da realidade.

- Meu menino está aqui e está vivo !  Nada mudou ... 

Era o que eu repetia internamente, com meu coração extremamente quente. Achava que poderia vencer o efeito do tempo, apagar os acontecimentos e começar de novo. Chorei e disse que o amava, num surto de transparência. Aquilo estava entalado em mim e consegui soltar.

Nos beijamos e ficamos abraçados, como há anos atrás. Ele reparou que meu perfume mudou e fez questão de dizer que não envelheci, desde quando nos conhecemos, em 2014. Sabe quando nós ouvimos o que sempre quisemos ouvir ? Estava perfeito demais pra ser verdade. Pensei estar sonhando, de verdade. 

Quis prolongar o máximo possível. Ficamos nesse parque até as 22 horas. Perguntei se ele estava com fome. Eu tinha feito um sanduíche de queijo branco e deixado na mochila, já prevendo que ele não teria lanchado, até aquele horário. Comeu, como se não houvesse amanhã. E naquele momento lembrou como era ter alguém que se preocupava com ele.

Fomos embora, de mãos dadas, como antigamente. Me avisou quando chegou em casa, como fazia antes.

Tivemos um segundo encontro. Conversamos bastante. Apenas beijos e palavras de carinho. Não fizemos sexo.

As expectativas de ambos mudaram. Não era a mesma água que passava no nosso rio de sentimentos. As águas não se encontravam mais. Viramos apenas lembranças. O momento era esse ... de dizer adeus e seguir em frente...

E podemos nos orgulhar de ter tido esse último momento, como uma boa lembrança. Sem brigas, sem disputas por poder. Apenas o silêncio e olhares.

Viveria tudo outra vez.

Cresci muito nesse período e admito ter saudade de vários momentos.

Se você estiver num período de amor pleno, aproveite cada segundo. Porque tudo é finito. Acredite, vai acabar. E não é uma visão pessimista. É apenas aceitar o fluxo da vida.


domingo, 4 de novembro de 2018

Tempos sombrios para opinião própria


O resultado nas urnas foi só um reflexo da tendência dos últimos anos de auto encarceramento pessoal, que passamos a adotar, com receio da violência urbana. O grande problema é que agir baseado no medo, faz com que não sejamos capazes de nos expressar como antes.

Prova disso é o fechamento de vários blogs, no decorrer dos anos.

Torcendo pra que essa nuvem negra que paira em nosso país, se dissipe em alguns anos. Pois não há mal que dure para sempre.

Mitos são os nossos professores... sendo filmados como astros de tv e recebendo como mendigos.


sexta-feira, 2 de novembro de 2018

L'avventura


" Eu sei porque você fugiu, mas não consigo entender "

Feriado de finados, de 2012. 

Acordo bem cedo, pra ir até a rodoviária buscá-la. Seria o começo do fim de uma curta história com a última garota com quem me encontrei e me envolvi emocionalmente. 

Fiquei repensando, hoje, em 2018, e surgiram várias idéias pra escrever, até que resolvi colocar em prática. A verdade é que eu voltei a conversar com a Hellen há alguns meses. Seis anos se passaram e parece que nossa essência não mudou muito.

Foi de extrema importância presenciar ela se mostrando arrependida da forma que nos separamos. Eu sempre tive dúvidas sobre as verdadeiras razões que fizeram ela se afastar de mim. Esclarecer esses pontos tirou um pequeno peso na minha história. Tenho essa mania de adorar colocar os pontos nos " is " . Está sendo fantástico ver como ela conseguiu amadurecer alguns pensamentos, hoje, com 27 anos.

Fiz um café com raspas de laranja, neste momento, pra me ajudar na inspiração a escrever. 

Ela me perguntou o por quê de eu não tê-la esquecido. Sinceramente, a passagem dela pela minha vida fez eu repensar a visão sobre vitórias e derrotas pessoais, no quesito ego. Mudar o ponto de vista, de alguma forma.

Pode parecer muito louco, mas existem duas formas de lidar com a situação...

A primeira é : Eu consegui conquistá-la a ponto de ela vir ao Rio, mas não fui capaz de fazer com que durasse o suficiente pra saciar os desejos que eu tinha com ela.

A segunda é : Eu conheci uma garota praticamente inacessível, do interior de SP, que eu achava que nunca se interessaria por mim. Ela sabia que eu era bissexual e mesmo assim, não se incomodou. Mentiu pra família, pra me encontrar. E permitiu que eu fosse um porto seguro, em momentos difíceis, mesmo de longe. Eu consegui ter ela por perto e dividir a mesma cama.

São dois ângulos, que oscilam bastante. Confesso que o primeiro perdurou nos primeiros meses, até que eu aceitasse a situação.  Hoje, eu já lido super bem com isso e está sendo ótimo conversar com ela, sem mágoas do passado. Estamos nos divertindo nas poucas vezes que nos falamos. 

Essas lembranças me fazem lembrar do livro  " O poder do agora ".  Alguns momentos em nossa vida são de uma intensidade tão grande, que faz com que nossa mente desligue e foque 100% no momento atual. Isso pode acontecer num momento com perigo de vida ou mesmo numa paixão.

Não esqueço da sensação de estar imóvel perante a uma experiência nova de atração física. Eu me senti com dez anos de idade, sem saber o que fazer ou como me comportar. Fiquei vermelho e tímido, quando a vi. Não fazia a mínima idéia do que poderia fazer pra agradá-la ou pra que ficasse no Rio, de alguma forma.

Eu tive outras duas namoradas, antes dela. Ambas são mães, atualmente. Sempre tive medo que a Hellen seguisse esse " caminho ", que a sociedade prega como natural. Na meu mundo, isso faria com que ela ficasse " presa " pra sempre. Seria o fim de qualquer esperança de continuar uma história, mesmo que por um dia. Sim, é por aí... aprendi com Schopenhauer que a paixão não se alimenta de fatos ou de atitudes, mas sim de um resquicio de esperança, de que um dia ela possa se consumar. Como é bom entender essas teorias na prática !

Na prática, a história é bem diferente. Perseguimos muito nossos sonhos, mas quando um dia conseguimos, o tédio toma conta de tudo. É difícil fazer com que o interesse seja mantido numa relação estável, principalmente morando junto. Eu brinco com ela, rindo, dizendo que sou uma pessoa muito difícil de lidar. Ela às vezes discorda e diz que é mais complicada ainda.

Um resumo da sensação que ela me traz é de um filme que prometia muito e que ficou só no trailer, sendo cancelado, por falta de recursos. Ou aquela série excelente, que teve apenas uma temporada e encerrou no auge, sem que houvesse nenhuma crítica.

Eu sempre vou amar essa menina. Não me peçam pra explicar o por quê. Afinal, se eu soubesse, não seria de verdade.

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Hellen, eu sei que você está lendo essa postagem e será nossa " cola " quando um dia nossa memória falhar...

Nesses seis anos, os seis momentos que não esqueci :


  1. Ver você com aquela camisa quadriculada, que eu pedi pra você usar, porque cai muito bem em você ;
  2. Assistir Vampire Diaries com você, depois de muito conversar sobre a série que acompanhávamos juntos ;
  3. Dormir com você numa cama de solteiro, sem reclamar e acordar revigorado ;
  4. Olhar profundamente nos seus olhos, pra tentar decifrar você ;
  5. Comer chocolate contigo, dando gargalhada da cara um do outro ;
  6. Andar de mãos dadas na orla de Ipanema, com os caras de olhando e eu querendo atacar eles ; 






domingo, 30 de setembro de 2018

Hell to the liars - Sobre a verdade nas relações


Quem nunca mentiu, que atire a primeira pedra... é o que muitos dizem por aí.

A questão nem é essa. É extremamente difícil lidar com pessoas que tem o costume de modificar os fatos. Sim, concordo que ser 100% verdadeiro sempre é quase uma utopia, mas...

Imaginem construir um castelo sobre areia movediça... é praticamente isso que tentei fazer. Passei um bom tempo com pessoas que eu não poderia nunca confiar e dormir tranquilo. Ao passar um tempo sozinho e analisando o " mercado " com frieza, pude perceber que este tipo de padrão se repete na grande maioria das pessoas.

Fidelidade, monogamia, cumplicidade, são termos que saíram de linha, atualmente. Muito se fala do poliamor, como quem descobre a pólvora. Mas se as pessoas não se lembram mais o que é o amor, sobra só o " poli " e uma confusão de expectativas que não leva a nada.

O que pude observar? Pessoas com seus 25, 27 anos na cara sem um relacionamento sério sequer pra contar. Se arriscar ? Não... pois há o medo implacável da rejeição. E a busca pelo príncipe encantado que se encaixe nos altos padrões desta gente não termina nunca. Até porque de tempos em tempos, coloca-se ingredientes nesta receita macabra de homem ideal.

As pessoas não tem o hábito de rever o que esperam e muito menos o que oferecem, pra ter um relacionamento. Acredito que o primeiro passo é saber que trata-se, primordialmente, de uma troca entre duas pessoas.

O post abaixo fez eu acelerar esta postagem...


OBS : Creio ter resolvido o problema nos comentários. Obrigado a todos pelo feedback. Vamos voltar a ler e a escrever, como antes !
Na postagem anterior, muitos tentaram comentar :


domingo, 23 de setembro de 2018

Sobre regeneração e redenção


Esse espaço é muito bom para uma boa expressão. Resolvi voltar a escrever aqui, de vez em quando, até que a tempestade de múltiplas tarefas e perda de foco me afaste novamente.

Como estão vocês ?

Estive basicamente alternando entre o trabalho e alguns momentos de puro carpe diem, curtindo a solidão de morar só. Quem tem ou já teve esse prazer, sabe que é uma sensação totalmente libertadora. Só tem medo de ficar sozinho, quem ainda não aprendeu a lidar com os próprios demônios internos.

Confesso que tentei migrar pro Tumblr. A plataforma é bem fácil de se utilizar, mas só consegue ler quem tem o aplicativo. Isso desanima bastante. Resolvi não continuar. É como escrever algo legal e jogar no ralo, ou mesmo falar sozinho.

O título do post é bem aleatório, porém provocativo. 2017 e 2018 foram anos de silêncios, de cicatrização, de redefinição de estratégias. Não fiz nenhuma loucura, nada fora do planejamento, nem mesmo emocionalmente. Tive oportunidades de aparar algumas arestas do passado, por exemplo. Um término mal resolvido de 2011 que pesava como uma mancha no meu caráter, foi finalmente resolvido, com o perdão de quem sofreu com minha imaturidade, aos 26 anos. Um outro relacionamento que terminou sem explicações, cheio de dúvidas e possibilidades, teve também a chance de se expressar em palavras nesse período. Sou uma pessoa que precisa de respostas. Preciso entender o que acontece e o por quê dos acontecimentos. Fico bastante satisfeito quando consigo preencher essas lacunas da minha história, porém sei que não dá pra conseguir sempre isso. Acabei começando pela redenção...

A regeneração foi por conta do meu último relacionamento longo, no qual morei junto. O pensamento de um dos meus mestres, Sr Wilde, resume bem o que senti...


Ao que parece, somos levados a crer que em algum momento teremos paz, conseguindo o que se deseja. Esse foi um dos maiores enganos de toda minha vida. Eu fui gerando um ego, que no pensamento de Sartre é algo construído e . externo ( e concordo com ele ). Ego este, que foi moldando um ser que seria perfeito pra mim. Fui desenhando nos meus devaneios... desenhei bastante, cada traço, cada característica. O ser deveria ter um pouco das minhas experiências boas já vividas e o que eu esperava viver. Aos 29 anos, eu me deparo com essa pessoa, em pleno chat do UOL, que em 2014 já estava entregue às traças. Foi a única vez que utilizei esta sala de bate papo em anos, enquanto que ele entrou naquele dia. Passamos quase três anos juntos, fase em que tivemos muitos momentos de felicidade plena. Porém, fomos do céu ao inferno quando o lado negro de cada um despertou. Por não esperar a quantidade de mentiras que presenciei, acabei sendo envenenado pela situação e me recusava a desistir. No final, a sensação que tive era de que se eu não desistisse, iria para o abismo, literalmente. Minha vida iria toda pro ralo. Passamos o ano de 2016 morando juntos, até novembro, quando ele se foi, definitivamente. Cheguei a entrar em outra relação instantânea, para anestesiar meu ego e meu coração, mas foi algo de um mês e pouco. Precisei me isolar um pouco, depois disso.

Experimentei um pouco de cada aplicativo de encontro LGBT. O Tinder é algo mais infantil, que acabou virando um Facebook pra caras que querem te pegar e não tomam atitude: deletei facilmente. O Hornet é o meio termo, mas também não vi graça: pouca conversa. O POF seria o melhor, com informações detalhadas... porém as pessoas atraentes não tem paciência pra preencher as dezenas de perguntas do aplicativo e acaba que ficam só os carentes lá, querendo casar no primeiro encontro. Por incrível que pareça, o que mais gostei foi o Grindr. A proposta do aplicativo é bem legal e prática. As pessoas é que acabam estragando o app. Ali você vê quem tá perto, o que busca, se é atv ou psv, entre outras informações bem úteis pra não se perder tempo chamando a pessoa errada. Nesse aplicativo eu pude ter idéia da quantidade de gays que temos hoje... chega a ser engraçado...rs. Também pude presenciar a banalização da prostituição, em tempos de desemprego e com uma geração que preza ganhar dinheiro sem esforço. REALMENTE TRISTE. Consegui muitos encontros, nestes apps. Sexo não é algo difícil... e alguns até querem algo sério, mas não sabem como chegar lá. Três desses encontros quase viraram algo sério, ano passado. Esse ano estou na minha primeira tentativa...

Se deixar, escrevo dezenas de parágrafos. Não há muito o que detalhar... Tenho devorado o Spotify e a Netflix, ultimamente e me rendi ao Instagram. 

O trabalho me faz bem e a completei três anos nesta empresa, que está em crescimento.

Aguardo notícias de vocês...